Gramáticos e escritores da Academia Brasileira de Letras que me perdoem, cá estou eu, mero estudante, querendo contestar vossos trabalhos e concepções sobre tal palavra que perpassa séculos e está sempre se renovando, mudando, sendo motivo de tanta polêmica e, muitas vezes, guerras. Porém, hoje, irei me ater somente ao seu significado gramatical – fazendo necessárias ressalvas filosóficas – na contemporaneidade, etimologia a parte.

O dicionário diz que amor é verbo, tenho lá minhas dúvidas, acredito que haja algo além dessa classificação, uma representatividade mais socio-filosófica do que imaginamos. Creio que muitas pessoas tem colocado o amor em outras condições, alterando seu suposto significado concreto. Mediante isso, abro análise: o amor como verbo seria a (in)transitividade desse sentimento vivido por dois ou mais agentes, através de uma troca física e emocional de carinhos e afins – ou deveria ser.

Já o amor como substantivo é a forma em que muitas vezes temos tal sentimento em nossa vida, fica a indagação: é substantivo comum ou próprio? Penso eu que depende de quem vive. Ou, muitas vezes, algo que tinha de ser comum, acaba se tornando próprio, seja de quem vive ou quem ama, e o problema está na hora de transformar o que era próprio, em comum, de compartilhar, declamar, proclamar o que se está vivendo por determinada pessoa – fica aí uma questão para os meus companheiros de Letras sanarem, ou os de Filosofia, em último caso, os de Psicologia.

O mais curioso é o amor como adjetivo, todos temos essa classe, como a classificação de algo ou alguém, em certos casos, de modo positivo. Pois bem, tendo isso como base, vejamos o amor “adjetivado”: seria ele a beleza que não encontramos em outro idioma, com o intuito de qualificar uma pessoa que olha para o além e dá um sorriso de canto de boca? Ou quem sente o coração pulsar perto de uma pessoa especial? Ou, ainda, uma pessoa que tem diversas involuntariedades, como a de pensar frequentemente na pessoa amada? Não sei, ninguém sabe.

De psicanalistas à gramáticos, o único que tem o privilégio – ou o desgosto – de entender o sentido mais próximo do que é o amor, tem por alcunha poeta. Então, o amor de adjetivo, também é mais um paradoxo da vida humana. Pode vir para classificar ou qualificar, contudo, para mim, está tão raro amar e encontrar pessoas que amam, que quem o faz, merece isso como adjetivo, vive sendo verbo e jamais fará isso de substantivo...

Matéria feita por Italo Medeiros, revisada por Bruna Porto.