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segunda-feira, 2 de março de 2015
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Entrevista com Carlos Nobre, autor do livro "O Guia Patrimonial da Pequena África"
Entrevista com Carlos Nobre, autor do livro "O Guia Patrimonial da Pequena África"
Autor do livro “Guia Patrimonial da Pequena África” conta ao nosso site como surgiu a ideia por trás do livro, um pouco sobre a influência da cultura africana no Brasil, sobre a sua vida, racismo e muito mais.
(1) LM - Você poderia falar um pouco mais sobre você?
Carlos Nobre - Sou jornalista, escritor e professor. Trabalho na PUC-Rio como professor. Tenho sete livros publicados. Dois deles sobre o movimento Mães de Acari.
(2) LM - Como surgiu a ideia para escrever o livro?
Carlos Nobre - Porque percebi há dez anos a presença de negros célebres sendo homenageados nas ruas através de bustos e estátuas. Achei que era um fenômeno especial e decidi investigar mais. Acabei fazendo um projeto e fui contemplado pelo Petrobras.
(3) LM - Como foi o processo de mapeamento do Rio de Janeiro? Foi cansativo? Deu trabalho?
Carlos Nobre - Foi muito exaustivo. Ficamos dois anos buscando bustos e monumentos nas praças que falassem sobre negros. Tivemos ajuda de líderes comunitários e da Fundação Parques e Jardins.
4) LM - Quantos e quais itens você encontrou pelo Rio de Janeiro?
Carlos Nobre - Encontramos 45 monumentos sobre negros; quatro sobre índios; 19 sobre artistas e escritores; oito árvores africanas; 11 obras do Mestre Valentim, e várias ruas, becos e praças ligadas à cultura negra.
(5) LM - Ouvi dizer que em seu livro você explica e relata sobre o processo de "enbranquecimento" de algumas personalidades negras. Como funciona esse processo?
Carlos Nobre - É que quando o negro se destaca muito, se torna uma estrela, a tendência da sociedade é vê-lo como branco e não como negro. Assim, Machado de Assis, Carlos Gomes, Lima Barreto, que são famosos, mas afro, são vistos como brancos.
(6) LM - Como você vê a participação e influência da cultura africana no Brasil? Em que lugares podemos encontrar essa influência?
Carlos Nobre - Em Salvador, pois, 80% da população é negra. Então, cultura africana sempre foi marcante e dominante em diversos aspectos (religião, música, dança, teatro) em Salvador. O Rio também tem influência da cultura negra. O exemplo mais clássico são as escolas de samba, que dominam o cenário cultural. Em geral, o nordeste é muito marcado pelas culturas africanas. Os estados menos marcados são os do Sul, devido a força maior da colonização europeia.
(7) LM - Você acha que a África sofre ainda de uma resistência por parte de algumas pessoas, por ser retratada ainda de uma maneira esteriotipada por alguns veículos de informação? Pra você quão importante é a missão dos veículos de informação na hora de moldar a imagem de um continente inteiro?
Carlos Nobre - Isso é antigo, ou seja, a África sempre é posta como um continente atrasado, primitivo, ou seja, estereotipado. Cabe aos intelectuais lutar sempre para mudar essa visão. É isso que viemos fazendo há anos. No entanto, já começa a existir um entendimento da complexidade africana por alguns setores da mídia. Na TV Brasil, existem, muitos programas afro. Vamos ver se eles se expandem.
(8) LM - Como é a questão do preconceito racial para você? Você sente certa presença ainda no Brasil? Você já sofreu alguma forma de preconceito?
Carlos Nobre -Todos os negros em geral já sofreram de preconceito. Essa é uma doença que deve ser combatida eternamente. No Brasil, dizia-se, antigamente, que não havia preconceito. Mas, hoje, a gente vê como o Brasil ainda é racista com os diversos casos de racismo sendo relatados pela imprensa.
(9) LM - No livro, você cita a presença de bairros tão influenciados pela cultura africana que podem ser chamados de "A Pequena África". Poderia falar um pouco mais sobre esses bairros?
Carlos Nobre - São eles: Saúde, Gamboa, Santo Cristo, Centro, Lapa, Catumbi, Estácio, Cidade Nova, Andaraí. Há também quem discorde desta classificação, acham que a Pequena Africa é formada por Saúde, Gamboa e Santo Cristo. Todos esses bairros foram afetados pela escravidão e pela cultura negra nas ruas. Por isso, guardam muita memória de um passado afro marcante.
(10) LM - Além do livro, há algum outro projeto em mente? Planos pro futuro?
Carlos Nobre - Estamos escrevendo um livro sobre samba – um romance- para ser lançado em meados de 2015.
(11) LM - Você pensa em retratar a ideia do livro de outro jeito, talvez um filme?
Carlos Nobre - Na última página do livro, há um DVD, que é um documentário sobre a Pequena África, de 50 minutos. Tem muita coisa interessante nele. A região merece um filme, mas, agora, estou sem tempo para pensar nisso.
(12) LM - Carlos, agora se sinta livre para convidar o pessoal para o lançamento do livro, o espaço é seu.
Carlos Nobre - Vem todos para o lançamento (15/11/2014). Vão gostar!
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