Rafael Bahia e Deputado Jean Wyllys em entrevista ao Intercultural News
RB) Quando e por que vocĂȘ quis entrar para a carreira polĂ­tica?
JW: Antes de tudo, a gente tem que entender que nós fazemos política na vida, não só a política representativa, a minha atividade política remonta a minha juventude quando entrei para o Movimento Pastoral da Igreja Católica, e esse trabalho pastoral é um trabalho político que luta contra as injustiças. Então a Igreja foi quem me deu essa base de que o mundo é injusto e temos de lutar contra essas injustiças e depois participei jå na faculdade de vårios movimentos como o movimento LGBT, mas a ideia de ser candidato surgiu quando a Heloísa Helena me convidou ao PSOL.

RB) Quais são suas propostas para com a juventude periférica?
JW: Muitas propostas, aliĂĄs jĂĄ fiz projetos de lei enquanto deputado federal. Por exemplo: O Plano Nacional de Educação que assegura 10% do PIB para a educação do paĂ­s (ensino fundamental, mĂ©dio e superior) entĂŁo esse projeto irĂĄ assegurar o acesso a educação para todas as pessoas do paĂ­s incluindo as pessoas da periferia. E destinei 2 milhĂ”es para o Hospital GaffrĂ©e e Guinle, este que cuida de pessoas com AIDS e HIV, principalmente as de baixa renda, e atualmente quem adoece desse tipo de doença no Brasil sĂŁo as pessoas sem informação. Investi tambĂ©m no Hospital da UFRJ que lida com a reabilitação de crianças com paralisia cerebral que atinge principalmente a Favela da MarĂ©, para relembrar que esses trĂȘs sĂŁo projetos que jĂĄ foram aprovados. HĂĄ um projeto que estĂĄ para ser aprovado que regulariza e legaliza a maconha. Com a legalização, o narcotrĂĄfico que licia crianças e adolescentes para trabalhar no Submundo, iria ser combatido. O trĂĄfico Ă© livre de qualquer taxação e livre de controle e este funciona porque consegue corromper a polĂ­cia, entĂŁo um crime se desdobra em cima de outro crime. É fundamental a legalização, porque liberada ela estĂĄ, eu (Jean Wyllys) sou contra a liberação.

RB) Mas vocĂȘ nĂŁo acha que hĂĄ um tratamento diferente de um usuĂĄrio da Baixada Fluminense a um da Zona Sul?
JW: Tem, e esse projeto quer acabar justamente com esse tratamento, quando a gente legaliza acaba com esse tratamento injusto que a justiça då do usuårio da Zona Sul ao da Baixada Fluminense, a gente sabe que a polícia trata como traficante qualquer pessoa pobre usuåria de drogas. Quando a pessoa é branca, de olhos azuis e de classe média alta não vai para prisão. A medida que esse projeto regulariza e regulamenta, garante ao usuårio, uso dessa erva em segurança e faz com que a gente distinga usuårio para traficante, de usuårio a uso problemåtico porque tudo em uso excessivo se torna uma droga como ålcool , åçucar e entre outros. E se a pessoa faz do uso, uso problemåtico ela não deve ser tratada como marginal e sim como alguém que necessita tratamento clínico.

RB)Mas vocĂȘ nĂŁo acha que esse discurso de legalização da cannabis Ă© uma desculpa para quem quer fazer da maconha somente uso recreativo?
JW: NĂŁo Ă© uma desculpa, apesar de favorecer os usuĂĄrios de uso recreativo isso nĂŁo Ă© motivo para deixa-lĂĄ na ilegalidade e vou dizer mais seria melhor a cannabis estivesse legalizada porque nĂŁo alimentaria o trĂĄfico.

RB) E quem venderia?
JW: Seriam criadas indĂșstrias para regulamentar o uso desta no comĂ©rcio, entĂŁo a pessoa poderia abrir um "herbĂĄrio" onde ela pudesse vender o produto e nessa loja menor de idade nĂŁo entrarĂĄ, o produto nĂŁo pode ser vendido a menor de 18 anos, caso aconteça a loja Ă© fechada como na Holanda e Espanha . E alĂ©m disso o projeto irĂĄ dar a pessoa o direito de plantar em casa mas definido com lei e fiscalizado por lei para consumo prĂłprio.