Este professor paulista quer ir para o Acre, na verdade, especificamente para regiões do estado amazônico e seu objetivo é beneficiar esses lugares com a iniciação científica de seu projeto que visa crianças usando conhecimentos práticos de atividades rurais típicas. Antes de começar à realização de seu sonho precisa ‘fazer história’ no concurso Global Teacher Prize e conseguir a honra de se tornar o primeiro brasileiro a conquistar o denominado “Nobel de Educação”, entregue a “um professor excepcional que tenha feito uma contribuição extraordinária para a profissão”.
Batista é o único brasileiro na lista de 50 finalistas divulgadas na última quarta-feira (12/09) pela ONG Varkey Foundation, esta é a primeira vez em três anos, onde um representante do país é selecionado. O nome do vencedor será divulgado em março, durante um evento em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Batista é doutorando em Engenharia pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e trabalha como voluntário. Ele começou a dar aulas de Ciência e Sustentabilidade em 2010, depois de perceber que as escolas rurais de Mato Grosso tinham dificuldades em obter material de ensino e tecnológico. Em colaboração com a UFMT e o Senai, o professor desenvolveu um programa de iniciação científica em estabelecimentos de ensino.
A ideia surgiu durante uma visita à Juína, município que fica mais perto da Bolívia que das principais cidades brasileiras. Andrade viu na atividade extrativista do baru, um tipo de castanha comestível, uma chance de trabalhar a percepção dos alunos e das escolas locais.
"Basicamente, você pode comprar essa castanha por uma mixaria. Mas ela também oferece um potencial para se transformada em outros produtos. O que bastava era dar às crianças condições de imaginar isso", ele explica.
A metodologia baseada na aplicação das Ciências à vida cotidiana dos estudantes teve frutos inesperados: um dos alunos, Bianca de Oliveira, ficou em terceiro lugar na edição de 2012 do Prêmio Jovem Cientista, com um projeto de criação de farinhas integrais a partir do baru.
Foi a primeira vez em 26 anos que um representante do Mato Grosso foi agraciado. A menina recebeu o prêmio das mãos da presidente Dilma Rousseff.
"Em outra escola, desenvolvemos um projeto em que estudantes passaram a fazer pães e sorvetes com o soro do queijo produzido por pequenos produtores. Isso pode até ser usado na merenda escolar. Novamente, incentivamos os alunos a usarem a ciência em sua realidade. Eles são pequenos diamantes que só precisam de uma pequena polida. É muito melhor que apenas tentarmos ensinar Ciência tradicional na sala de aula. E estamos descobrindo maneiras de melhorar suas vidas", diz o professor.
O professor já tem troféus na estante e, recentemente, ganhou o Prêmio Novelis de Sustentabilidade, desenvolvendo um tipo de carregador de baterias de celular movido a energia solar e que pode ser acoplado a bicicletas.
O Global Teacher Prize foi criado em 2014, com o intuito de elevar o status da profissão do educador. "Buscamos celebrar os melhores professores, aqueles que inspiram seus alunos e a comunidade ao seu redor. A Fundação acredita que uma educação vibrante desperta e dá suporte a todo o potencial dos jovens. O status dos professores em nossas culturas é fundamental para nosso futuro global", diz o site.
A relação de finalistas do prêmio tem representantes de 29 países do mundo, que concorrem à premiação em dinheiro. A Varkey Foundation recebeu inscrições de professores de 148 países, mas os finalistas são de apenas 29 nações.
"Estou bastante honrado por estar nessa lista e espero que minha proposta convença os jurados. Se vencer, usarei o dinheiro do prêmio para poder percorrer o Centro-Oeste levando o projeto. Hoje eu faço tudo sozinho. Sem ganhar coisa alguma, apenas porque acredito que posso ajudar essas crianças a aproveitarem o potencial em volta delas", conta o professor.
Batista se inscreveu no Global Teacher Prize ao ler uma reportagem sobre a honraria. "É muito gratificante ver nosso esforço reconhecido. Despertar o interesse dos alunos para que eles entendam melhor o mundo em que vivem, não apenas o conhecimento mais tradicional passado em sala de aula. Isso é muito mais importante, socialmente, para a vida deles".
Fonte: BBC Brasil em Londres.
0 Comentários