A resposta é muito simples, não se comemora porque o processo abolicionista ainda ocorre. O negro só será totalmente livre quando tiver uma boa moradia, isenção dos seus 400 anos de opressão, até mesmo porque o negro escravo quando foi “liberto”,pela Lei Áurea, não recebeu, ao menos, um pedido ou uma nota de “desculpas” assinadas pela Princesa Isabel. Para que comemorar se o Brasil foi um dos últimos países a abolir a escravidão, quando esta já tinha se tornado ilegal pelos europeus, enquanto que ainda se discutia em solo nacional se os escravos deveriam ter sua respectiva liberdade ou não?
Comemorar pelo fato que os escravos tornaram-se “livres” porque os meios de produção no nosso país deixaram de ser de trabalho escravo para se tornar trabalho remunerado dentro desse processo novo chamado industrialização, porque dessa forma o empregador poderia comprar a força de trabalho de acordo com as suas necessidades e quando contratada, custaria os meios de subsistência do trabalhador. Este na verdade não foi de fato um grande ganho para a sociedade brasileira, mas pelo menos houve alguma mudança, o que não significa dizer que isso foi suficiente. Na verdade, essa “liberdade” gerou novos tipos de escravidão. Porém a questão não é tentar acabar com novos estilos de escravidão, a idéia é abolir a essência da criação da escravidão na sociedade brasileira e quem sabe um dia mudar a sociedade mundial.
Mas, independentemente dos problemas, devemos fazer a nossa parte procurando fazer com que esse processo abolicionista ocorra realmente com inclusão social e com uma real abolição dos resquícios da escravidão, e quem sabe com isso nós possamos no mínimo constranger os que praticam e defendem esses novos estilos de escravidão.
É bem como dizia o Mestre João Pequeno em uma ladainha sobre a abolição :
“(...) Abolição se fez bem antes
Ainda por se fazer agora
com a verdade das favelas
Dona Isabel, não com a mentira das escolas(...)”
Matéria feita por Rafael Bahia, redigida por Aline Santos
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