Que o futuro é sempre jovem
, você já sabe. Mas você 'tá ligado' na importância da inclusão juvenil no que acontece no presente? 

Porque tem uma galera empenhada em abrir os horizontes dos mais novos através da educomunicação, e não é de hoje não! Isso acontece a quase 19 anos com o Imprensa Jovem.



O que é o Imprensa Jovem? 🎥
Imprensa Jovem é uma agência de notícia feita por estudantes de ensino fundamental e médio. A produção de notícias e informação é super importante no aprendizado desses jovens pois os fazem desenvolver a leitura crítica da mídia, criatividade e autonomia.
Assim como todo profissional da comunicação, os estudantes produzem conteúdos de cunho jornalístico: entrevistas, coberturas de eventos, matérias e campanhas de comunicação.

O programa Imprensa Jovem dá a possibilidade dos mais novos se expressarem. Ele concede a vez para que eles falem, sejam ouvidos e assim, entendidos e respeitados.

Mas de onde isso surgiu? 🤔
A história do Imprensa Jovem começa lá em 2001, com uma rádio, uma escola pública de ensino fundamental e a esperança de um mundo com paz.
Em São Paulo, um projeto de Rádio Escolas é apresentado pela USP (Universidade de São Paulo) e pelo Núcleo de Comunicação e Educomunicação, e visava ensinar a cultura da paz e o combate à violência para crianças de realidades socioeconômicas vulneráveis.
E não deu outra. A educom.rádio foi um sucesso. Ocorreu formação de professores, estudantes e comunidade, e mais tarde, o projeto recebeu até uma lei própria! A Lei Educom, que regulamenta todo o programa.



Até que durante uma reunião de pauta, em 2005, um estudante dá a ideia de fazer uma rádio para os "tiozinhos da noite" (estudantes do EJA). Esse é o pontapé inicial para o que viria se tornar o Imprensa Jovem e para uma história de 18 anos que se desenrola e ultrapassa os muros da escola. E que mesmo após anos, ainda cresce e expande as possibilidades da educação, chegando até em outros estados. 
Como aqui no Rio de Janeiro. Com o mesmo sentimento e a mesma paixão pela comunicação, mas com um nome diferente. Agora somos o Jovem Repórter.
Bom, isso tudo é o Intercultural News falando. Se você quiser saber a história da 'boca' de quem participa, você pode acessar o site do Imprensa Jovem ou o Gibi Imprensa Jovem!

E quem está por trás disso? 👀
E claro que não poderíamos deixar de falar dele, que é radialista, professor, educomunicador, criador do Imprensa Jovem, e agora atual Coordenador do Núcleo de Educomunicação da prefeitura da capital paulista: Carlos Lima.
Todo esse projeto transformador só foi possível graças ao Carlos e a toda sua equipe. Em uma entrevista recente ao Intercultural News, o educomunicador contou o que o motiva a continuar nessa jornada, mesmo após quase 19 anos de projeto:

✏️| "A missão do poder de empoderar estudantes pela comunicação. Eu sempre tenho dito que o estudante tem voz, a gente não precisa dar voz ao estudante. A gente não precisa dar voz para quem já tem. A gente precisa dar espaço e ouvidos para escutar. E mais do que isso! Acolher as ideias dos estudantes, porque por mais que a sociedade diga que o jovem tá um pouco desiludido, não sabe o que faz, eu acredito que o jovem tem uma capacidade muito grande dentro dele e que ele precisa ter uma válvula para colocar para fora. [...] Eu acho que os projetos de educomunicação servem um pouco para dizer como é que o estudante é. E a gente tem como fator importante, nós como professores, entender o nosso público-alvo. [...] E mais importante do que isso, né? A gente tem hoje uma realidade em que é muito importante a educação midiática. O momento em que a gente vive, as fake news, a desinformação, as questões de segurança na internet, que envolve até o cyberbullying e tudo mais, tornar esse estudante um ser crítico é muito importante, porque ele vai, além de combater as fake news, ele também vai criar maneiras de como a comunidade não cair em fake news."

E além disso, Carlos também ressalta a importância dos estudantes também levantarem pauta de assuntos de seus interesses:

✏️| "A cultura do jovem que mora em periferia, as questões que envolvem questões de gênero, diversidade cultural, questão do trabalho, questão de como o estudante vive no seu bairro. É uma troca incrível. [...] Eu acho que aí a comunicação tem uma coisa que é muito importante, né? O fazer junto, o fazer de forma cooperativa, colaborativa e aula colaborativa é professor e estudante fazendo juntos."

Tantos anos de história, e evidentemente, de transformação, principalmente na vida dos estudantes que participaram e participam da Imprensa Jovem, não é mesmo? 
Para o professor, os impactos mais significativos observados nos jovens participantes foram a oportunidade de conhecer além dos limites da escola e de conhecer o outro através dos interesses dos jovens, o orgulho de ver o seu material pronto e a cultura do encontro. 
Leia um pouquinho do que ele conversou com a gente:

✏️| "O jovem, ele conseguiu ao longo desses anos conhecer um lado da escola que ele talvez não tenha tido oportunidade de conhecer, que é o lado da escola fora do muro delas, né? Eles puderam, por exemplo, como Imprensa Jovem, correr a cidade de São Paulo, em diversos lugares, em diversos espaços de eventos que eles conseguiram conectar o seu desejo, que vinha por meio de perguntas, de curiosidades, com aquilo que eles viam. [...] E eu acho que um ganho incrível foi o seguinte: como conhecer uma pessoa que eles julgam ser importante a partir de perguntas que eles desenvolvem. A esses estudantes educomunicadores do Imprensa Jovem é dado o poder de fazer perguntas e essa capacidade da gente formar estudantes para fazer perguntas é muito importante."

E como nem tudo são flores, também há suas dificuldades em se fazer um projeto tão grande como o Imprensa Jovem:

✏️| "A gente teve problemas que vão desde a ordem das escolas mesmo, né? Dos educadores entenderem a importância do trabalho do Imprensa Jovem. Você sabe que embora a escola seja pública, a gente as vezes tem dificuldade de fazer com que os estudantes tenham espaço de voz. A gente sofre o mesmo que sofre o Grêmio, que as vezes tem uma ideia e a escola não compra, as vezes retalha. [...] Ele (os educadores) não entende que aquilo também é aula, que eles (os estudantes) aprendem, só que é uma aula diferente, que ele aprende de uma outra forma, afinal de contas, tudo é aula. Só que esse tipo de preconceito pedagógico, ele também acaba impactando no investimento da escola no projeto. [...] Muito em função do que o estudante pode fazer com a comunicação. 'Será que ele vai falar mal da escola?' [...]"

Para combater essa e algumas outras dificuldades, Carlos relata que a formação de professores é de extrema importância, e que já está em prática.

✏️| "Só existe preconceito, quando o professor desconhece. [...] Você só vai ter preconceito de uma coisa que é estranha para você, porque você não conhece. Quando você começa a conhecer aí você: 'opa, pera aí... Eu achava de um jeito agora eu tô achando que é outra coisa', porque você passou a conhecer. E a formação de educadores é muito importante para que os professores possam entender o trabalho que vocês desenvolvem."

Imprensa Jovem e a sua atuação no G20 🎙️
Você já se imaginou ser entrevistado por adolescentes ou até mesmo por crianças do ensino fundamental? Acho que a resposta de poucas pessoas seriam "Sim, claro! Penso nisso todo santo dia!"
Mas é isso que acontece com a Imprensa Jovem. Os estudantes já entrevistaram pessoas importantíssimas como o jornalista Paulo Henrique Amorim e escritores renomados como ZiraldoMauricio de Sousa e Pedro Bandeira. Até o Ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, concedeu uma entrevista aos jovens, que a realizaram com maestria.
São perguntas de interesse juvenil, divertidas, diferentes... E é isso que o G20 está buscando para o Kids20.


Créditos da imagem: Audiovisual/G20

A união de jovens repórteres de São Paulo e do Rio de Janeiro, surge da necessidade de ter uma cobertura de evento e pauta com uma linguagem atualizada. De jovem, para jovem.
O projeto procura incluir os estudantes no debate de questões globais, de forma profissional e crítica. E a melhor oportunidade de engajá-los é agora, durante o G20 Brasil. Você sabe qual é a importância disso?


Créditos de imagem: Audiovisual/G20

A Importância da comunicação juvenil 📢
Durante a trajetória educacional dos estudantes, é crucial que tenham ciência das influências mundiais que podem impactardiretamente em suas trajetórias pessoais profissionais.
Vamos falar da importância da participação dos jovens dentro da comunicação com a opinião de um profissional na área? 
E, claro, o Intercultural News tem o prazer de contar com a incrível participação de Carlos Alberto - Chefe de Comunicações do G20 | 👇
Leia abaixo a nossa entrevista com informações importantíssimas do entrevistado. ✍️
🎙️| “Quais estratégias de comunicação estão sendo usadas para atrair a atenção dos jovens no Brasil para os tópicos discutidos no G20?”

“Bom, a primeira delas a resposta são vocês mesmos, né? Foi a parceria que a gente está fazendo com estados e municípios para que os estudantes cubram o G20. Então, eu costumo dizer que quando a gente coloca o estudante no G20 a gente coloca o G20 dentro da casa das pessoas, então é o trabalho todo. As pessoas estão vendo o G20 em tudo quanto é lugar aí no Rio de Janeiro, mas será que elas sabem o que é G20? E, na verdade, o G20 tem tudo a ver com a vida de cada um de nós. […] Então, quando a gente convidou vocês para fazer a cobertura do G20, a gente começa a alcançar um público diferente, né? E o fato de vocês poderem atuar como jornalistas, como jovens repórteres fazendo questionamentos, é super importante, porque outra coisa que eu sempre digo, que ninguém é melhor do que um jovem para tirar a gente da zona de conforto, então, os caras estão lá discutindo aquela agenda que eles elaboraram e talvez esteja um pouco desconectados da realidade […]. 

🎙️ | “O senhor que já foi correspondente em Angola, África, já morou em Washington DC, sabe mais do que ninguém o quão longe o jornalismo e os idiomas, já que fala 4 línguas, podem nos levar. Você acha que o projeto Jovem Repórter tem alguma chance de ser expandido internacionalmente? Como alunos de interculturais, acreditamos que seria uma oportunidade sensacional visitar outros países, conversar com nativos, cobrir eventos importantes fora do Brasil. O que o senhor acha?”

“Acho que seria uma oportunidade incrível para a gente conhecer outros países. Eu acho que é totalmente possível. E tem uma frase que parece um pouco batida, mas eu acho que ela reflete a realidade, né?: ‘Nós somos do tamanho dos nossos sonhos.’ Se a gente tem um objetivo e se planeja e trabalha para que aconteça, as possibilidades daquilo que a gente está planejando acontecer são muito maiores, né? Então, o importante é ter foco, objetivo e eu não tenho a menor dúvida que o trabalho que vocês começaram a desenvolver agora ele ultrapassa fronteiras e é parte, inclusive, da estratégia da comunicação do G20. Primeiro, trabalhar em cada estado, em cada município com as escolas que fazem parte desse projeto e, num segundo momento a gente vai começar a conectar as escolas aqui no Brasil de vários estados e várias cidades para que elas produzam conteúdos conjuntos.” 

🎙️| Que tipo de feedback o G20 tem recebido dos jovens brasileiros sobre suas atividades e como isso tem influenciado a abordagem do grupo?

“Bom, vocês acabaram de me dar um feedback agora. Foi o de vocês já responderam pra mim exatamente, não é? É os relatos que a gente recebe. Porque essa parceria está acontecendo em vários estados. Então, além do Rio de Janeiro, vocês são aí das escolas estaduais, mas as escolas municipais do Rio também participam. Escolas de São Paulo aqui de Brasília, onde eu moro, do Piauí, da Bahia, de Minas Gerais, do Amazonas, do Maranhão, do Ceará. Então, os estudantes vão lá fazer a cobertura desses eventos, né? E os estudantes que já participaram, o retorno que eu recebo é excelente, eles saem maravilhados, porque de fato, é uma experiência marcante.” 

🎙️| Quais são os principais desafios encontrados ao tentar engajar jovens na discussão de temas complexos do G20 e como estão sendo superados?
“É, essa é uma pergunta que também vale para todos os professores, né? Como é que os professores conseguem atrair a atenção dos alunos e dos estudantes para as matérias, para as disciplinas que são dadas? […] Porque vocês já vieram pré-selecionados pelas escolas, então vocês já tinham interesses muito específicos e estão tendo uma experiência muito marcante, muito bacana. Então, nesse aspecto, em relação a vocês, eu não vejo dificuldade, pelo contrário, mas vocês é que são parte da engrenagem. Para responder a essa pergunta que vocês fizeram, eu devolvo a pergunta, o que que vocês pretendem fazer para atrair a atenção dos estudantes, das pessoas da idade de vocês para os temas do G20? […] então, vocês são uma das possibilidades de resposta e da gente engajar jovens nesses temas tão complexos, mas a partir do momento que a gente consegue conectar as pessoas em relação aos assuntos, eles vão ver lá que uma discussão sobre mudança climática tem a ver com o G20 e mudança climática tem a ver com o morro na favela ou num bairro pobre e que teve um alagamento, né?[…]

🎙️| Como chefe de comunicações, o senhor é um dos responsáveis por criar uma ponte entre o G20 e o público. Acha que seria possível existir a criação de algum fórum ou grupo de discussão onde os jovens podem interagir diretamente com representantes do G20? 
“É possível. Agora, isso tem que ser construído, né? Tem que debater antes de que forma isso seria feito. E aí sim, vocês passam a ter formalmente a possibilidade de apresentar as suas reivindicações igual a outros grupos de engajamento, né? Então é só uma questão de vocês se organizarem para ver como é que essas demandas podem ser encaminhadas.” 

🎙️| Como a participação juvenil pode ajudar a promover uma compreensão mais ampla dos objetivos e impactos do G20 entre a população brasileira?
“Totalmente, né? De que forma é isso que vocês estão fazendo? É pegando conhecimento, é se informando, entendendo o que o G20 faz e quais são os temas que ele trata, o que está em debate e traduzindo para as pessoas da geração de vocês, quanto mais acessos à informação e quanto mais detalhada, mais próximo da realidade da pessoa. Então, vocês tem que usar uma linguagem específica para explicar esses temas para eles, algo que eu teria dificuldade, não é? Então a bola está com vocês, na verdade. 
🎙️| Como a diversidade entre os jovens brasileiros participantes do G20 pode contribuir para uma comunicação mais inclusiva e representativa?

“Olha, não só entre os jovens, entre qualquer qualquer situação no mundo, tem que ter diversidade. Sem a diversidade a gente vai ficar falando pra a gente mesmo, não vai entender o outro, não vai avançar, não vai saber qual é a dificuldade. […] A gente não sabe o que está acontecendo ao nosso lado, como é que a gente vai querer avançar? E a nossa intenção é que vocês entrem trazendo a história de vida de vocês para provocar e causar desconforto. A gente tem que causar desconforto, porque sem isso as pessoas ficam de novo na zona de conforto e vão embora. Ela (a diversidade), é essencial em qualquer aspecto da vida de trabalho da escola e acho que é só conhecendo as realidades diferentes que a gente consegue chegar a um objetivo melhor e mais amplo.”


Créditos: br.freepik.com

A comunicação é crucial para todos, independentemente da fase da vida em que se encontrem. E então, podemos ver que a participaçãodos jovens neste meio é de suma importância, pois permite o compartilhamento de pensamentossentimentos e reflexões sobre diversos temas. Portanto, a comunicação é crucial, pois constrói relações sociais.

REPÓTER: Letícia Vieira e Sarah Sena 
REDIGIDO POR: Ana Lívia Brum